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Trabalho com TI, sou preocupado com questões ambientais.

8/23/2013

Agora que eu já desliguei...


-Como vai Alexandre?
-Hora bem hora não tão bem.
Não sei se foi por saudade dele que liguei. Nunca sei direito porque ligo.
-Sim vamos ouvir música juntos. Vamos convidar a Jane!
Mas agora que eu já desliguei sei que é pouco provável que vamos ouvir música juntos. Minhas conversas com o Alexandre foram sempre assim desde que nos conhecemos. A gente sempre liga, especialmente quando algum de nós faz 30 ou 50 anos. Somos praticamente indispensáveis um ao outro nestas festas. Mas não conversamos muito o resto do ano. Ele sempre diz que precisamos passar um fim de semana na casa dele em São Lourenço, eu concordo, vibro e adiciono mais planos. Digo que precisamos reunir o pessoal. Os planos nunca se realizam e eu nem sei ao certo quem é este ”pessoal” a que me refiro.
Lembro que um dia de verão, depois de não nos termos visto a tempos, tomávamos uma caipirinha na beira da praia em Tramandaí. Era um domingo de sol e começamos a fazer planos de construir um edifício em condomínio. Faltariam uns investidores, mas isto era detalhe. Seria um edifício enorme. Não fazíamos planos pequenos. Iríamos levantar uma grana tranquila para depois passarmos um tempo no oeste do Canadá. Ou para fazermos outro edifício, maior.
-Segunda a gente se liga. Levar isto adiante, cara!
E saímos dalí cambaleantes mas eu não me lembro de termos falado deste edifício novamente. Por estas que lembro, sei que não liguei pro Alexandre prá reunirmos Jane, Flavinho e não sei quem mais. E agora que eu já desliguei, percebo que são nas dúvidas que nos conectamos. E que são as incertezas que mais nos aproximam. Foi na hora em que o Alexandre atenuou a vós prá dizer “hora não tão bem” que eu senti que meu espaço ao lado dele era verdadeiro. Não que eu o tivesse plantado. Era um espaço que ele criou quando respirou suas incertezas. Não achei que tinha respostas, então respirei junto e fiquei. Foi só isso.
Edifícios prontos e viagens que um dia ainda vamos fazer são coisas resolvidas, não nos tocam, não ferem nem expõe. Não criam espaços, não convidam para ficar.