Aconteceu na noite, em Porto Alegre. Na Cidade Baixa.
Ainda pensava na conversa que tinha tido com o Pedro, num bar da Padre Chagas. Ele estava animado com umas idéias que estava lendo num livro de auto ajuda e havia me repetido algumas passagens.
Mas eu estava inquieto e não prestei muita atenção. Estava me culpando um pouco por tê-lo interrompido e ter dito que eu tinha que ir prá casa e agora eu estava entrando num outro barzinho, em Petrópolis.
Foi onde encontrei o André que logo me puxou para uma conversa. Ele tinha descoberto a espiritualidade e não tirava os braços de cima de mim enquanto falava da sua alegria, do desapego ao dinheiro e coisas assim.
Mas eu estava inquieto e não prestei muita atenção. Estava me culpando um pouco por tê-lo interrompido e ter dito que eu tinha que ir prá casa e agora eu estava entrando num outro barzinho, em Petrópolis.
Foi onde encontrei o André que logo me puxou para uma conversa. Ele tinha descoberto a espiritualidade e não tirava os braços de cima de mim enquanto falava da sua alegria, do desapego ao dinheiro e coisas assim.
De novo menti. Achei legal o que ele falou mas nada disto combinava com a minha inquietude. Falei que precisava ir embora. Que eu teria um trabalho a ser feito em casa ainda naquela noite.
-Valeu André, bola prá frente!
Aí inventei qualquer desculpa para passar na Cidade Baixa. Quando vi estava lá, dentro de um bar em que não conhecia ninguém. O fato de me sentir perdido ali, por estranho que pareça, me privava da minha inquietude. Foi quando vi o Thiago, sentado sozinho numa mesa num canto, olhando para o copo. Ele não queria demonstrar que já tinha me visto. Caminhei até lá.
- E aí Thiago.
- E aí....senta!
Mas não havia outra cadeira na sua mesa. Procurei uma por ali. Alguém recuou um pouco a mesa ao lado para me dar espaço.
-Valeu!
Thiago continuou olhando para o copo.
Ficamos um longo tempo sem conversar, embora a música não estivesse tão alta. Eu fiquei olhando para um pôster de um espetáculo que deveria ter passado a uns anos em Porto Alegre, num daqueles teatros da rua da República.
-Valeu André, bola prá frente!
Aí inventei qualquer desculpa para passar na Cidade Baixa. Quando vi estava lá, dentro de um bar em que não conhecia ninguém. O fato de me sentir perdido ali, por estranho que pareça, me privava da minha inquietude. Foi quando vi o Thiago, sentado sozinho numa mesa num canto, olhando para o copo. Ele não queria demonstrar que já tinha me visto. Caminhei até lá.
- E aí Thiago.
- E aí....senta!
Mas não havia outra cadeira na sua mesa. Procurei uma por ali. Alguém recuou um pouco a mesa ao lado para me dar espaço.
-Valeu!
Thiago continuou olhando para o copo.
Ficamos um longo tempo sem conversar, embora a música não estivesse tão alta. Eu fiquei olhando para um pôster de um espetáculo que deveria ter passado a uns anos em Porto Alegre, num daqueles teatros da rua da República.
Thiago fazia pequenos movimentos batendo o copo na mesa. Agora olhava os passos de algumas pessoas que dançavam. Algo não estava bem com ele. Achei que ele queria falar. Eu adivinhei o assunto:
-E a Carla?
Por uma hora, duas talvez, eu vibrei, eu chorei, eu senti raiva junto com o Thiago. Eu vi um filme, escutei uma história. Mais para o final da conversa, sabíamos os dois que muito pouco sabíamos sobre os porquês das trapaças da Carla e muito menos sobre relacionamentos. Mas falamos das nossas inquietudes, das nossas dúvidas e isso nos fez mais próximos. Depois paramos de falar um pouco e no final do silencio eu simplesmente disse ao Thiago que iria para casa. Ele sabia que era verdade. Não marcamos data para nos vermos de novo. Cruzamos nossas mãos, nos olhamos rapidamente, eu baixei a cabeça e saí.
Estava um pouco frio na Lima e Silva. Eu protegi as mãos no casaco e saí caminhando. Sem nenhuma verdade na cabeça mas com o sentimento de quem teve um contato humano, em Porto Alegre. Na Cidade Baixa.
-E a Carla?
Por uma hora, duas talvez, eu vibrei, eu chorei, eu senti raiva junto com o Thiago. Eu vi um filme, escutei uma história. Mais para o final da conversa, sabíamos os dois que muito pouco sabíamos sobre os porquês das trapaças da Carla e muito menos sobre relacionamentos. Mas falamos das nossas inquietudes, das nossas dúvidas e isso nos fez mais próximos. Depois paramos de falar um pouco e no final do silencio eu simplesmente disse ao Thiago que iria para casa. Ele sabia que era verdade. Não marcamos data para nos vermos de novo. Cruzamos nossas mãos, nos olhamos rapidamente, eu baixei a cabeça e saí.
Estava um pouco frio na Lima e Silva. Eu protegi as mãos no casaco e saí caminhando. Sem nenhuma verdade na cabeça mas com o sentimento de quem teve um contato humano, em Porto Alegre. Na Cidade Baixa.
Segui pela Ipiranga, como sempre. O céu estava limpo, eu procurei pela lua que clareia, que responde.
No rádio, uma velha música do Simple Red. If you dont't know me by now....you will never, never, never know me....
Aumentei o volume e me entreguei para aquela música.
Eu queria muito ver a lua antes de dormir. Mas não havia lua naquela noite. Era noite de estrelas. Estrelas só perguntam. Aquela música também nada respondia mas embalava minhas perguntas.
Minha inquietude talvez ainda estivesse por ali comigo, mas se confundia com a história do Thiago. Com a história do Thiago e com a música. Me senti bem por tê-lo ouvido. E aumentei mais o volume.
...you should understand me... like a understand you.......
No rádio, uma velha música do Simple Red. If you dont't know me by now....you will never, never, never know me....
Aumentei o volume e me entreguei para aquela música.
Eu queria muito ver a lua antes de dormir. Mas não havia lua naquela noite. Era noite de estrelas. Estrelas só perguntam. Aquela música também nada respondia mas embalava minhas perguntas.
Minha inquietude talvez ainda estivesse por ali comigo, mas se confundia com a história do Thiago. Com a história do Thiago e com a música. Me senti bem por tê-lo ouvido. E aumentei mais o volume.
...you should understand me... like a understand you.......