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Trabalho com TI, sou preocupado com questões ambientais.

1/27/2013

Tragédia em Santa Maria


Roubaria hoje, acho que você também, um pouco do meu bem estar, do meu sol e mandaria para algum pai desesperado. Acho que você também. Não foi comigo. Mas aquela constatação de sempre: poderia ter sido. Pois a metade das casas noturnas não tem proteção contra incêndio. Escolheria ficar um pouco mais triste, abriria mão de algo que quero muito, de uma expectativa. Pudesse eu, em troca, ver um pai mais aliviado. Ligaria hoje para o meu filho e ao ouvir dele um alô, um “estou bem”, sentir-me vibrar, agradecer, e mandar um pouco de paz para um pai desesperado. Talvez, precisaríamos antes compreender que filhos não são nossos filhos(Gibran Kahlil).  Por mera viagem, talvez, eu conseguiria. Mas, se não for por viagem, que seja pela compreensão de que estamos todos juntos nisto. Que seja pelo sentimento de que hoje todos perdemos. 

1/25/2013

Lagartos e softwares


Sexta feira à noite. Aliás já é sábado de madrugada. E eu aqui pensando se devo publicar a nova versão de um software com um errinho que talvez só eu saiba que existe ou se devo ligar amanhã para meus parceiros para discutir o assunto. Paro prá me perguntar o que me levaria a decidir por uma coisa ou por outra.
Aí me dou conta de que os fundamentos que nos levam a melhorar nossos produtos e serviços no sentido de obter por eles um melhor preço e assim um maior lucro, são exatamente os mesmos fundamentos que nos levam a melhorar nossas atitudes com a intenção de sermos melhores ou de servir a um Deus.
Mas acho que evoluímos de fato quando passamos a produzir melhores produtos ou prestar melhores serviços sem nenhum propósito. Simplesmente por ser este o nosso jeito.
Capitalismo ou religião, de qualquer espécie, tem sua base no mesmo fundamento. O lucro. De uma espécie ou de outra.
Hoje à tarde meu vizinho e eu observávamos um lagarto. Ele me comentou que lagartos são animais muito limpos. Mais que gatos e cachorros. Mas porque são limpos? Pelo mesmo motivo que os pássaros cantam afinados. Porque esta é sua natureza. Por mais nada! 

1/11/2013

Seis e dez da manha, 21 de agosto 2013

Existe alguma coisa,não sei bem o que é, a vida, Deus, o universo, sei lá, que insiste muito em não me dar o que quero muito, indevidamente.

1/10/2013

Chega um pouco mais para o cantinho.


Hoje o meu filho mais novo, Lucas, está de aniversário. Ele não gosta muito de ler mas sempre adorou que lhe contássemos histórias sobre nossa infância. Se não há uma nova, não se importa que uma seja repetida. Desde que engraçada. Mas gosta ainda mais quando conto uma história sobre ele, quando era menor. Hoje, quando completa 10 dez anos eu vou contar uma passagem que aconteceu ontem. Esta é minha e dele. Dedico a historinha a ele, como presente de aniversário.

A uns tempos atrás, quando eu falava ao Lucas sobre a minha infância, ele quis saber o que era “raauuss”. Expliquei que se tratava de uma expressão em alemão. Era mais um xingamento, que significa alguém muito brabo dando um “corridão” em alguém. “Cai fora....rua...some...vai prá quinta”!! Falei que quando criança, se eu visse um monte de alemãezinhos correndo desesperados para fora de uma casa, imaginaria que alguém muito irado lá dentro havia gritado “rrraaausssssss”!!
Acho que contei prá ele, se não contei conto hoje, que um dia, quando pequeno, eu e uma dúzia de priminhos, todos alemãezinhos é claro, havíamos invadido o espaço do meu avô pensando que ele estava longe. Mexíamos numas coisas interessantes que não sabíamos o que era e de repente nos damos conta de que não iríamos saber reorganizá-las. Nesta mesma hora um vulto enorme apareceu no meio de nós. Era meu avô, muito irado. Silencio, ninguém se mexia. Todos aguardando o grito de misericórdia. Meu avô estufou o peito, estendeu o braço para um lugar qualquer no alem, indicando para onde deveria seguir a procissão e soltou um furioso.....rrraaaaaauuuuussssss. Alemãezinhos “xispando” prá tudo que é lado, deixando um risco atrás de si, como nos desenhos. Cinco pela porta uns três pela janela e outros ainda pedalando no ar para decolar mais rápido. Dois subiram numa árvore que havia no pátio para verem o desfecho em local privilegiado e com distância segura.

Na verdade foi um pouco menos, mas Lucas adora rir e se for pra isso, gosto de exagerar “um pouco”!
Ontem, quando levantei, arrumei minha cama. Ou arrumei melhor que noutros dias. Talvez por engano ou por não ter acordado direito. Depois de arrumada, parecia uma daquelas camas que aparecem nos desenhos de apartamentos à venda. Terminado de almoçar, aquela cama invadiu meu pensamento. Aquela dormidinha! Subi a escada, cheguei ao quarto e Lucas já havia detectado a “anormalidade”. Ele é sempre o primeiro a detectar locais agradáveis, embora não muito chegado ainda a organizar o seu próprio espaço. Estava deitado, esparramado, bem no centro geométrico do objeto. Com o laptop no colo, as pernas cruzadas e usando os dois travesseiros. Fiquei olhando para ver se alguém desconfiava, mas ele apenas curtia estar sendo contemplado.
Estendi o braço direito para um lugar qualquer no alem, indicando para onde deveria seguir a procissão como meu avô faria, para ele lembrar do que se tratava e soltei: Rrrraaaaaauuuuussssss!!! Mas nenhum alemãozinho saiu voando. Lucas permaneceu tão imperturbado que parecia estar me convidando para ser seu novo amiguinho.
Fiz o possível para não demonstrar que estava curtindo aquela cena. Insisti na compostura e falei mais pausadamente, me inclinando ligeiramente para ele:

Lucas, lembras o que quer dizer “rrrrraaaaauuuuusssss”, em alemão?

Ele: lembro sim. Quer dizer “por favor chega um pouco mais para o cantinho.”